30 de janeiro de 2010

Mesa de bar

"Vocês nem sabem da última"- disse Janilson chegando na mesa do bar.
"Que última?" - responderam em coro Talita e Manuel.
"Sobre o Walton..."
"Que tem ele?" - interrompe Talita que era louca pelo Walton.
"Aconteceu algo sério?" pergunta Manuel, que era louco por Talita.
"É, pode-se dizer que é sério, mas é no mínimo estranho"
"Então desenbucha vai!"
"Lembra, Manuel, que o Walton nunca usa o mictório nos banheiros das festas? Que mesmo com o banheiro vazio prefere ir ao vaso?"
"Ahn?... ele faz isso? "
"Ah deixa pra lá, lembra Talita que aquele dia você se trancou no quarto com ele decidida, ah bem você sabe..."
"Sim"- responde corada, olhando pra baixo com uma expressão facial que denunciava o fora, justo pra ela, que nunca tinha ouvido um não de qualquer homem que fosse, quando se decidia a ficar com alguém.
"Pois é, o Carlinhos tentou descobrir se o Walton era gay e se declarou pra ele."
"Sério? que louco? Mas ele tem mesmo um jeitinho..."
"Aí o Walton deu um soco no Carlinhos"
"Nossa!" anima-se Manuel - "Então ele é gay?"- sorri mirando Talita.
"Então essa é a última?"
"Que nada, a última é que descobri porque o Walton não usa mictório"
"E eu lá quero saber porque ele mija sentado!" - entre risos fala Manuel.
"Ah vai sim!"
"Então fala, por quê?" pergunta Talita em um misto de espanto e curiosidade.
"Bem... ele nasceu com um problema - Janilson faz uma pausa, encara os amigos, suspira e prossegue: "Ele não consegue mijar como qualquer homem porque ele tem uma cloaca!"
"Como assim? "Talita e Manuel se entreolharam.
"Tu tá de sacanagem!" Ri Manuel
"É sério, o Walton nasceu com uma cloaca, ele faz tudo junto, feito um passarinho"
"Ah calaboca! Como tu saberia disso?"
"Ele mesmo me disse. Enchemos a cara esses dias, ele me disse que confiava em mim e que precisava revelar um segredo..."
"Ah tá! É bem capaz mesmo!" Levanta-se Manuel, joga uma nota de dez em cima da mesa e sai irritado.
"Então ele não é gay" - brilham os olhos de Talita pensando alto.

14 de janeiro de 2010

Relações legais

Se conheceram na festa da faculdade de direito. Trocaram olhares, pintou um clima, sorriram, conversaram, ficaram. Antes de deixá-la em casa declarou "Tu és a constituição que faltava no meu ordenamento jurídico". Ela adorou.

Se apaixonaram. Começaram a namorar. Se formaram. No baile de formatura chegou junto a ela, se ajoelhou sacando um par de alianças "Você é cláusula pétrea no meu coração". Ela não contém as lágrimas, casam uma semana depois.

O casamento foi improcedente. O amor de ambos prescreveu. Ela deu o aviso prévio "você não é mais o mesmo, quero me separar". Ele concordou. Falta de interesse das partes. Resilição bilateral.

Ficaram sem se falar por um ano. Se encontraram em um evento da OAB junto com colegas da faculdade. Rolou uma sessão nostalgia. Lembraram dos bons tempos de faculdade. Resolveram voltar, reincidentes no matrimônio, nos mesmo termos, com apenas uma exceção. Agora aceitariam terceiros de boa fé. Viveram felizes para sempre.